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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mais fotos de Palermo Viejo Buenos Aires





























Photos de Sôramires em abril/2009









O bonde fantasma

desliza no brilho

do trilho


(rua de Palermo Viejo, Buenos Aires onde o asfalto cobriu os trilhos ficando apenas alguns metros descobertos, como uma cicatriz nostágica)

domingo, 12 de abril de 2009

P Q P solidão é ter que explicar a alguém de sua idade o que é MJQ, quem é John Lewis, porque ouvi a gravação deles de Django umas vinte vezes seguidas para poder melhorar da ameaça de depressão enxaquecosa vomitante, fibromiálgica...e perceber que felizmente minha surdez não é tão cruel porque posso ouvir música, acompanhar o baixo, piano, bateria, vibrafone, essas brincadeiras jazzísticas nada egoístas que te instalam no meio da música.
Porque nesta fase da vida prefiro reler Machado, Cortázar, Borges, Saramago, Don Quijote, rever mil vezes um filme do Godard ou Buñuel ou o Cidadão Kane... nada de saudosismo ou nostalgia nem preguiça de encarar algo novo...simplesmente são coisas tão incorporadas, fazem parte de mim que tenho que voltar a elas de vez em sempre.
Escrevo em Buenos Aires, na Calle Jorge Luis Borges, num prédio ao lado da agência de correio citada por Cortázar numa das histórias de Cronópios, onde um Cronópio transforma a agência num caos cronopicamente correto. Ao ver que a agência se mudou para a avenida Santa Fé já imaginava o fim desse pedaço de memória. Hoje vi que vão construir um prédio no lugar e penso...será que era essa a mesma agência do conto? Que valor têm a placa que diz que Borges viveu nessa esquina, que em tal rua fulano compôs um poema...valor turístico em dólares? Quem se fotografa junto ao boneco que representa Gardel será que ouve e gosta do Zorzal, del Morocho del Abasto?
Uma vez fui levada a essas casas de shows para turistas com tango e tudo tão falso, mas tão convincente que minhas amigas argentinas acreditaram que aquilo era tango de verdade...e eu resolvi calar para não ser mal educada.
Hoje ganhei um livrinho de auto ajuda com frases da Santa Tereza de Calcuta...e lembrei da peça dos anos 60 Oh quel cul tu as que soa como Oh Calcutá...que chatice o livrinho, a peça nem lembro se vi ou não...Mas é duro ganhar um livrinho assim e não poder dizer olha é o tipo de cosa que eu não leio nem me interessa.
Ou seja, volto ao ponto inicial, solidão é ter que explicar a todo o momento quem sou eu, do que eu gosto, que depressão é doença não é tristeza, que adoro solidão e que preciso de solidão para carregar minhas energias gastas com conversas bem educadas sobre banalidades televisadas. Resumindo eu tenho que ter saco com as pessoas e as pessoas não se dão ao trabalho de observar que papo de reclamar do marido e da família para mim é perda de tempo, que não vou à missa, que não me escandalizo com cabelos coloridos ou tatuagens...ai como cansa. Eu não imponho meus assuntos prediletos quem não se interessa mas dificilmente encontro um respeito semelhante.
Acho que cada vez que me comentarem de coisas que não me dizem respeito vou começar a declamar Carmina Burana...sem música. Ou melhor leio a bula do meu antidepressivo.
Este tecladinho minúsculo é phoda...