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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Brinquedos e infância


Comprei um pião colorido desses que giram e fazem um barulhinho, lembro que no meu tempo de criança era um brinquedo comum (década de 50 do século XX).
Agora que vou ser tia-avó do Gabriel resolvi comprar um e achei também um sapinho de madeira com rodinhas para puxar. Ao comentar do pião com meu psiquiatra ouvi a seguinte resposta:
"Eu comprei para meus três netos"...entonces eu não poderia ter um psiquiatra diferente ?

Enquanto decido se compro também um pião para mim (eu já me dei de presente uma caixa de bloquinhos de construção) estava lembrando dos meus brinquedos e surpresa: não lembro o nome da minha boneca. Lembro que era de louça, da Estrela (ou imitação? Naquele tempo acho que não tinha pirataria descarada) ficou careca e eu fiz tranças de meias de nylon e uma touquinha de crochê, também fiz um vestido de baile com restos de renda francesa do vestido de formatura da Dalva, mas nada de lembrar o nome da coitada. Também sofreu uma cesariana pintada na barriga com esmalte de unhas vermelho porque ouvi que tinham aberto a barriga da mãe de uma amiga para o bebe nascer.
Mas essa boneca de tranças recicladas, vestido de renda e cesariana ficou sem nome da minha memória...o boneco, um bebê de plástico rígido, chamava Roberto que era nome da moda, de galã de novela da Rádio São Paulo.
Esse bebê foi meu consolo quando caiu um avião perto de casa, um teco-teco que nunca mais esqueci porque estava na rua e escutei o motor falhando. Achei que o piloto estava brincando e comentei "é ele fica brincando e qualquer hora o avião cai" e para minha tristeza, medo e culpa o avião caiu mesmo.
Eu abraçada com o bebê que era menino mas usava um vestidinho azul de menina me escondi no quarto, cobri a cabeça com o travesseiro...quando passou um avião maior sobre o local do desastre e consequentemente sobre nossa casa eu não queria ouvir o barulho do motor...e sempre me pergunto será que ficar surda anos mais tarde tem relação com esse meu desejo de não ouvir o som dos aviões? Eu teria uns 6 anos.
Mas minha boneca sem nome me atormenta a memória e não tenho mais para quem perguntar. E lembro até o nome de uma amiga imaginária, chamava Ania (não Aninha), lembro de estar conversando com ela no fundo do quintal com um pé de patim de rodinha (o outro sumiu) e eu mentia descaradamente inventando peripécias de patinação que eu nunca tinha realizado. Os patins eram do meu pai ou da minha irmã, eu nunca usei.
Mas a minha boneca de louça sem nome...continua sem nome na minha memória. Chego a pensar que teria vários nomes segundo meu estado de espírito ou a moda do momento.
Meu cachorro Bobi Segundo também atendia por vários nomes, o Bobi primeiro morreu e eu fiquei meses esperando que o Bobi voltasse porque achava que estava internado no Hospital São Paulo, onde meu avô José tinha sido operado. O Bobi segundo era el niño se se comportava bem e el perro se fazia arte como comer panos de prato, sapatos. Esses eram os nome que minha mãe dava, para mim era TITI, Mumu, Paco. Para meu pai que havia ido à Argentina jogar bocha ele virou PIBE (como chamam também o Maradona)
Mas essa boneca continua sem nome.

Mas agora num flashback veio o nome Sílvia (meu pai era Sílvio) é bem possível que tenha sido Sílvia e eu tenha me esquecido justamente por ser tão óbvio.

2 comentários:

cantorias disse...

A propósito de pião, veja o que eu postei ontem mesmo:

http://cantorias.multiply.com/music/item/406

esse pião (daquele outro, de barbante enrolado) tem rodado na minha cabeça nos últimos dias em que tenho feito rodas de samba e samba de roda com meus alunos, rodando, rodando...PEOR é que tem uns que confundem com peão, o de rodeio, que eu odeio...

soramires disse...

eu prefiro esse pião de dar corda porque o outro de madeira e preo na ponta era coisa de moleques e eu nunca soube como fazer girar...quanto ao peão de rodeio eu também dispenso.