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domingo, 2 de março de 2014

ALAIN RESNAIS UMA REFERÊNCIA CULTURAL...

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/03/1420106-morre-aos-91-o-cineasta-frances-alain-resnais.shtml


http://www.estadao.com.br/noticias/arte-e-lazer,morre-cineasta-frances-alain-resnais,1136548,0.htm

Ruy Castro
Sem pipoca em "Marienbad"
RIO DE JANEIRO - Alain Resnais, que morreu sábado em Paris, aos 91 anos, dizia-se um "cineasta do imaginário". A definição é importante quando se considera o filme pelo qual, nos anos 60, ele se tornou o centro das discussões sobre cinema: "O Ano Passado em Marienbad" (1961). Nunca um filme dividira tanto as opiniões: ou se o achava uma radical reinvenção da linguagem, ou se ia embora aos 15 minutos de projeção, dando bananas para a tela.
Àqueles para quem "Marienbad" não significava nada, Resnais aconselhava a que cada um o interpretasse a seu próprio modo, e este seria o correto. E acrescentava que, se dependesse dele, o filme seria exibido em sessões contínuas, sem créditos, com o espectador entrando e saindo da sala quando quisesse. E por que não, se nunca se sabe o que é presente ou passado, realidade ou imaginação? O imaginário está cheio de significados, mas não no sentido da lógica do relógio.
No filme, ao som de um hipnótico órgão, a câmera circula pelos labirintos de um castelo barroco transformado em hotel, seguindo um homem (chamado "X") que tenta convencer uma mulher ("A") de que eles viveram um romance em Marienbad no ano anterior. Tudo isto diante de "M", o marido dela, que apenas observa. Nada "acontece". Os homens são quase imóveis, as vozes em off falam um texto em círculos, as árvores em torno deles não projetam sombras.
Suponha agora que o romance tenha acontecido, mas, por causa dele, "M" tenha matado "A". Atormentado de culpa, "X" volta ao castelo um ano depois e conta incessantemente a história para si mesmo, tentando alterá-la. Ou imagina estar fazendo isto. Talvez não haja ninguém ali --nem ele. A realidade é o filme.
Bem, esta é só uma das muitas interpretações. O fato é que ninguém se atrevia a comer pipoca ao assistir a "O Ano Passado em Marienbad".

O ano passado em Marienbad me parece ser a continuação de A invenção de Morel...

Acabo de rever O ANO PASSADO EM MARIENBAD de Resnais...linda fotografia em P & B. Um clima de sonho, sem começo, meio, fim, sem explicações lógicas, mistura de possíveis ou impossíveis memórias, desejos, ou sabe-se lá o que... para mim uma delícia de filme. Para outras pessoas exasperante, irritante, chato, pretensioso...enfim viva nossa liberdade diante da obra de arte. Há muitos anos tinha ouvido falar da inspiração do filme na novela de Bioy Casares, A INVENÇÃO DE MOREL. Alguns dizem que Resnais não conhecia a obra de Casares, outros dizem que Alain Robbe-Grillet roteirista conhecia. Para mim parece que O Ano Passado em Marienbad é como se fosse a continuação de A Invenção de Morel, depois que o fugitivo consegue se filmar junto à mulher por quem se apaixonou...mas como fazem parte de filmagens distintas são paralelas que nunca se encontrarão. Depois de rever o filme tenho que reler o livro.

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